
Pedro Brasil
Djavan
“Pedro Brasil”: fé, ironia e o povo entre mitos e impasses
Em “Pedro Brasil”, Djavan transforma “Pedro” em múltiplas figuras — Pedro Álvares Cabral, Dom Pedro I e São Pedro — para erguer um mito de origem e, logo depois, expor a sensação de impotência. O convite “Sorria” ecoa como “uma canção de fé”, mas o refrão “Mas nada pode aqui” cria o choque entre crença e paralisia. Quando ele repete “Quem descobriu / libertou / construiu o Brasil foi Pedro”, aponta Cabral (descoberta) e Dom Pedro I (independência); e, ao invocar “Pedro lá no céu”, sugere São Pedro, o santo do tempo, que “aprendeu chover, estiar”. Ainda assim, o cotidiano emperra: “quem já se viu um tanto Pedro viver assim, feito coisa ruim, no ar” amplia “Pedro” para o brasileiro comum, preso a dificuldades que não se resolvem.
O narrador pede algo simples e simbólico ao país: “Sorria / ria largo / não vá trair o seu dom de cair de pé”, preservando resiliência e esperança, mesmo quando o santo teria “grande poder pra lá”, mas, ironicamente, “nada pode aqui”. Fé e afeto caminham junto da crítica social: heróis oficiais e providência divina não dão conta do presente, e a conta sobra para o povo. A força da canção está na repetição e nos contrastes — louvação x lamento, céu x terra, poder x impotência. Musicalmente, o balanço de samba com jazz típico de Djavan, no álbum Seduzir (1981), dá leveza e movimento à reflexão, embalando a bronca com carinho sem perder a precisão do recado.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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