Lua

Solidão e saudade sob a luz de “Lua” de Djodje

A música “Lua”, de Djodje, aborda de forma sensível a mistura de saudade, arrependimento e solidão após o fim de um relacionamento. O narrador observa a pessoa amada seguir em frente com outro, enquanto busca consolo na Lua, pedindo: “companheira, aconchegue a noite inteira”. Esse pedido não é apenas um desabafo, mas também faz referência à tradição da morna cabo-verdiana, em que a Lua é vista como confidente dos corações partidos e guardiã das noites solitárias. No verso “bai bu fla~l ma n ten sodadi, ma n ta ama di verdadi” (vá dizer a ela que tenho saudade, mas amo de verdade), Djodje expressa o desejo de que a Lua leve sua mensagem de saudade e amor verdadeiro à pessoa amada, mostrando que o sentimento persiste mesmo após o término.

A letra também traz um tom confessional ao admitir erros: “Minhas escolhas tão erradas / São fissuras no meu peito”. Essa reflexão se conecta ao EP “Choices”, no qual Djodje explora as consequências das decisões pessoais. O uso da morna, gênero marcado pela melancolia e pelo amor não correspondido, aprofunda o clima de perda e nostalgia. Ao afirmar “O poema se perdeu numa canção / Só restou a minha voz e um violão”, o artista revela a solidão criativa e afetiva, sugerindo que a música é seu último refúgio para lidar com a dor. Assim, “Lua” se destaca por unir a tradição musical cabo-verdiana à universalidade dos sentimentos de saudade e arrependimento.