BENÉ

Desigualdade e resistência em "BENÉ" de Djonga

"BENÉ", de Djonga, começa com uma crítica direta ao modo como a sociedade brasileira trata a vida de jovens negros nas periferias, especialmente diante do tráfico de drogas. O artista faz referência ao personagem Bene, do filme "Cidade de Deus", para ilustrar a realidade de exclusão e violência enfrentada por muitos jovens, mostrando como o lucro do tráfico é colocado acima das vidas perdidas. Essa escolha reforça a denúncia sobre a desumanização e o descaso social que marcam o cotidiano das comunidades.

Ao longo da música, Djonga também critica a apropriação cultural por parte de jovens ricos, que adotam gírias e comportamentos das favelas sem conhecer suas dificuldades. Isso fica claro no verso: “hoje playboy fala gíria e porta uma Glo', mas na vivência esses cuzão jamais vai se igualar”. O refrão, “Pega a visão, não vá se perder”, serve como um alerta para que os ouvintes não se deixem enganar pelas ilusões do sistema e mantenham a consciência diante das injustiças. A citação a Elis Regina em “Eu vou à luta, Elis, porra, viver é melhor que sonhar” faz uma ponte com a música “Como Nossos Pais”, trazendo esperança e resistência para a luta diária da periferia. Djonga utiliza metáforas e referências culturais para mostrar a complexidade da vida nas comunidades, criticando tanto a violência quanto a busca por status e dinheiro fácil, e alertando para as consequências desse caminho. "BENÉ" se destaca como um manifesto contra a desigualdade, a apropriação cultural e a falta de oportunidades, valorizando a luta e a sobrevivência dos marginalizados.