Esquimó

Desigualdade e resistência em "Esquimó" de Djonga

Em "Esquimó", Djonga expõe a instabilidade e os riscos constantes vividos por quem está à margem da sociedade, especialmente nas periferias. A frase “Hoje somos riso, amanhã seremos choro” resume essa realidade, mostrando como a alegria pode rapidamente se transformar em sofrimento. O artista critica a busca por prazeres imediatos e ostentação, como nos versos “Começam a transa pensando no gozo / Nem começaram a beber, já tão imaginando o gorfo”, apontando para uma sociedade marcada pela superficialidade e pela falta de perspectivas duradouras. Essa crítica se conecta ao contexto das periferias, onde conquistas sólidas são raras e a queda pode ser repentina.

A música também aborda temas como violência, desigualdade social e a necessidade de autodefesa das comunidades negras. Ao dizer “pretos precisam se defender / No final, não temos de quem depender / Por sinal, só temos quem vai nos prender”, Djonga denuncia a ausência de apoio institucional e a brutalidade policial, questões reforçadas pelo videoclipe gravado no Capão Redondo e pela presença de Mano Brown. As referências a Emicida e aos álbuns “Castelos & Ruínas” e “Vida Bandida” ampliam o diálogo com outros artistas que tratam da realidade das periferias e do racismo. O uso de metáforas e duplos sentidos, como “Se a vida fosse uma buceta, cês tão fodidos / Se a vida for um labirinto, cês tão perdidos”, reforça o tom crítico e irônico, mostrando as armadilhas enfrentadas por quem é marginalizado. Djonga constrói, assim, uma narrativa direta e contundente, que denuncia injustiças e desafia o ouvinte a enxergar além das aparências.