Não Sei Rezar

Resistência e luto nas palavras de "Não Sei Rezar" de Djonga

Em "Não Sei Rezar", Djonga transforma a sobrevivência em um ato de resistência diante da violência nas periferias. O verso “vingança vai ser ficar vivo” mostra como o artista rejeita o ciclo tradicional de vingança, preferindo honrar a memória dos amigos perdidos por meio da própria superação e permanência. Essa escolha destaca a força de quem segue em frente, mesmo diante da dor e da ausência, e se tornou marcante também nas redes sociais, onde muitos se identificam com a mensagem.

A letra é permeada por sentimentos de luto e saudade, como em “tô chei' de ódio e saudades de você” e “essa é pros amigo que partiu pr'uma melhor”. Djonga expõe a dor de perder pessoas próximas para a violência e denuncia a falta de oportunidades que empurra jovens para caminhos perigosos: “Dobro da minha disposição, metade da minha idade / E nem um terço da oportunidade que eu tive”. Ele também critica o abandono das periferias e a ausência de justiça social, como em “enquanto não houver justiça pra nós / juro que pra vocês não vai ter paz”. O artista reconhece a sedução do crime e dos símbolos de status, mas alerta para as consequências trágicas: “armas e droga é fetiche dos cara / porque não sabem o estrago que faz”. O refrão, repetido quase como um mantra, reforça a dificuldade de lidar com a perda e a busca por formas de homenagear os que se foram, mesmo sem saber rezar ou cantar da maneira tradicional. Assim, a música se torna um lamento coletivo e um chamado à resistência, refletindo a realidade das comunidades periféricas e a força necessária para seguir em frente.