Xapralá

Reflexão social e identidade em "Xapralá" de Djonga

Em "Xapralá", Djonga utiliza referências atuais, como a menção direta a Lucas Penteado no verso “É melhor desistir ou viver humilhado? Coisas que passam na mente de gente que vem de onde vem, ó, Lucas Penteado”, para ilustrar o dilema enfrentado por pessoas negras diante da opressão e do julgamento público. Ao citar o episódio vivido por Lucas no BBB 21, Djonga amplia o debate sobre as pressões e violências que recaem sobre quem ocupa espaços de destaque, especialmente quando se trata de identidade e dignidade.

A música traz um tom de autocrítica e reflexão social, evidente em versos como “Eu só queria comida no prato do povo que é o povo que fabrica o prato”. Djonga denuncia a contradição de trabalhadores essenciais que produzem riqueza, mas continuam marginalizados. O trecho “Quem paga o pato é o cisne preto” reforça que a população negra é historicamente a mais afetada pelas desigualdades. O refrão “Fugindo de mim pra me encontrar” revela o conflito interno do artista, dividido entre o peso da fama e a busca por autenticidade. No final, ao dizer “Essa conta aí é de todo mundo / Vocês também vão pagar a conta”, Djonga responsabiliza toda a sociedade pelas injustiças, mostrando que as consequências do racismo e da desigualdade atingem a todos, não apenas quem as sofre diretamente.