Homem De Aço

Resistência e denúncia social em "Homem De Aço" de Dmn

A música "Homem De Aço", do Dmn, utiliza o título como símbolo da resiliência exigida dos jovens negros das periferias de São Paulo. Mais do que força física, ser um "Homem De Aço" significa suportar a pressão emocional e psicológica de um cotidiano marcado pela violência, preconceito e falta de oportunidades. O verso "feliz o preto que chega até os vinte" evidencia a gravidade da situação, mostrando que sobreviver até a vida adulta já é uma vitória diante das adversidades impostas pelo contexto social. A expressão "H.Aço" reforça essa ideia de resistência, mas também revela a dureza e o peso de ter que ser forte o tempo todo para simplesmente existir com dignidade.

A letra faz críticas diretas às desigualdades sociais e ao descaso do poder público, como nos versos: "governo nega educação / controla o povo pelo dinheiro / cadê o dinheiro? / Fernando Henrique fez o Brasil virar um puteiro". Aqui, a música responsabiliza o governo pela perpetuação da miséria e da falta de acesso à educação. O cotidiano da periferia é retratado de forma realista, abordando desde a alienação até questões de autoestima e racismo estrutural, como em "ver o moleque viciado na televisão / o baixo nível da escola e da educação / a preta linda que não olha no espelho / tem vergonha do nariz, da boca e o cabelo". A participação de Edi Rock, dos Racionais MC's, reforça a união e solidariedade entre os que compartilham essa realidade. "Homem De Aço" se torna, assim, um chamado à resistência coletiva, à valorização da própria história e à luta por respeito, sem perder a humildade: "no limite da humildade faço o meu espaço, me considero um H.Aço".