Lagoa da Vovó Dos Orixás

Relação entre ancestralidade e renovação em “Lagoa da Vovó Dos Orixás”

“Lagoa da Vovó Dos Orixás”, do Dois Sóis, explora a profunda ligação entre Nanã, Orixá das águas paradas, e o ciclo da vida. O verso “Ela vem do lodo, domina vida e morte” destaca o papel de Nanã como divindade responsável tanto pela criação quanto pela transição entre mundos, conforme as tradições do candomblé e da umbanda. O lodo, elemento associado à origem e ao fim da existência, simboliza o poder de Nanã sobre os mistérios da vida e da morte. A saudação “Saluba Nanã”, repetida na canção, reforça o respeito e a devoção à Orixá, marcando o tom espiritual da música.

A letra também aproxima Nanã da experiência humana ao compará-la a uma avó cuidadora: “Cuida que nem vó é a Deusa do mistério”. Essa imagem traz conforto e proteção, tornando a divindade mais acessível aos devotos. As referências à “lagoa da vovó dos Orixás” e às “águas paradas” reforçam a conexão de Nanã com a terra e a água, sugerindo um espaço sagrado de cura e renascimento. O ciclo da vida é abordado de forma clara em “Princípio meio e fim, vem o nascimento”, mostrando a existência como um fluxo contínuo sob a proteção de Nanã. Expressões como “respeita a entidade, energia a se curvar” e “Sou de Nanã euá, euá, euaê” afirmam a identidade dos devotos e celebram a ancestralidade e a espiritualidade afro-brasileira, transmitindo uma mensagem de acolhimento, proteção e renovação.