Trajadão

Afirmação e orgulho periférico em “Trajadão” de DomLaike

Em “Trajadão”, DomLaike utiliza repetições como “porradão no pulso” e “bem trajado” para destacar a valorização dos acessórios de luxo e da moda como símbolos de conquista social. Esses elementos, comuns no cotidiano da periferia, são ressignificados como marcas de status e identidade. O uso da camisa de time personalizada com o próprio vulgo reforça a apropriação de símbolos populares, mostrando que o luxo pode ser reinterpretado a partir da vivência da favela.

A música se tornou um hino do chamado “favelado chique”, onde ostentar perfumes, joias e roupas de grife vai além da vaidade: é uma forma de afirmar superação e reconhecimento. Isso aparece em versos como “Da licença autoridade, favelado também pode”, que desafiam o preconceito e a ideia de que apenas pessoas de classe alta podem acessar esses bens. A referência à abordagem policial, tanto no clipe quanto na letra (“Passo na frente dos cana, eles falam: Ele é envolvido”), evidencia o estigma enfrentado por jovens negros e periféricos. Ao mesmo tempo, a música responde com confiança e orgulho, mostrando que o direito ao sucesso e ao luxo também pertence a eles. O tom descontraído e seguro da faixa transforma “Trajadão” em um manifesto de autoestima e ascensão social no contexto urbano carioca.