auri sacra frames (part. Tasha & Tracie)

Crítica à ganância e resistência em “auri sacra frames”

Em “auri sacra frames (part. Tasha & Tracie)”, Don L utiliza a repetição do verso “O ouro afunda no mar, madeira fica por cima” para questionar o valor atribuído à riqueza material. Essa frase, que faz referência à música “O Ouro Afunda no Mar” dos Originais do Samba, já indica a crítica central da faixa: o ouro, símbolo de riqueza, é passageiro e pode ser perdido, enquanto o que é simples e essencial permanece. A partir desse ponto, a música se aprofunda em uma denúncia social sobre a obsessão pelo acúmulo de riquezas e suas consequências.

Don L, junto de Tasha & Tracie, constrói uma narrativa de resistência contra a exploração histórica e a desigualdade. Eles evocam figuras como Chico Rei para simbolizar a luta dos oprimidos. Nos versos “Morte em vida é viver debaixo da sua bota / Miséria é o rastro que vocês deixam onde passam”, Tasha & Tracie expõem o peso da opressão herdada do colonialismo e mantida pelo sistema econômico atual. A expressão latina “auri sacra fames” (maldita fome de ouro) resume a crítica à ganância que destrói pessoas e o meio ambiente, como em “Um rio que se contamina, uma mata em chamas”. A letra também aborda temas como corrupção e privilégio, mostrando como o sofrimento de muitos sustenta o luxo de poucos.

A música adota um tom de enfrentamento, especialmente nos versos “Colt mirando em você” e “Pus nome na bala de Chico Rei”, sugerindo uma resposta direta aos opressores e a busca por justiça. O refrão “Fome do ouro (me contaminou)” traz um duplo sentido: denuncia tanto a contaminação ambiental causada pela mineração quanto a corrupção moral provocada pela busca desenfreada por riqueza. Ao final, a música deixa claro que a verdadeira herança dos exploradores é a violência e a miséria, e que a luta por justiça é uma resposta inevitável.