iMigrante (part. Terra Preta)

Identidade e exclusão social em “iMigrante (part. Terra Preta)”

"iMigrante (part. Terra Preta)", de Don L, aborda como o sentimento de ser estrangeiro pode surgir mesmo sem atravessar fronteiras internacionais. O artista mostra que a identidade de "imigrante" é frequentemente imposta por estereótipos regionais e de classe. Ele exemplifica isso ao relatar ser chamado de "pirangueiro" nos bairros nobres de Fortaleza, "Paraíba" em São Paulo e "brasileiro" em Portugal. Essas expressões revelam o preconceito e a exclusão enfrentados por quem é visto como outsider, mesmo dentro do próprio país.

A letra também critica a estrutura social que mantém desigualdades, como nos versos “soldados mal pagos” e “robôs dos oligarcas”, sugerindo que trabalhadores são explorados e divididos pelos interesses de uma elite. O trecho “O estado é só um ganso / E cês tão brigando por migalha” reforça a ideia de que a disputa por recursos é desigual e manipulada. Ao repetir a palavra “Imigrante” em diferentes contextos – favelas, guetos, coberturas de luxo, fábricas e biqueiras – Don L evidencia que o sentimento de deslocamento e a busca por reconhecimento são universais, atravessando classes sociais e regiões. A participação de Terra Preta intensifica o tom de resistência e desejo de justiça, especialmente no refrão que pede para “abrir as portas da Babilônia” e fazer justiça. Assim, a música se transforma em um manifesto sobre identidade, pertencimento e luta contra a marginalização, transmitindo indignação, saudade e esperança.