para Kendrick e Kanye (part. Giovani Cidreira)

Identidade e crítica social em “para Kendrick e Kanye” de Don L

Em “para Kendrick e Kanye (part. Giovani Cidreira)”, Don L utiliza referências a Kendrick Lamar e Kanye West para discutir as diferenças entre a realidade brasileira, especialmente do Nordeste, e o contexto do rap norte-americano. Ao dizer “Eu sou do sul da América / E vocês nunca vão saber”, ele evidencia a distância cultural e social entre sua vivência periférica e a dos ícones do rap dos Estados Unidos. Essa frase, repetida na música, reforça que, apesar da admiração e influência desses artistas, a experiência de Don L é única e pouco compreendida fora do Brasil.

A relação de Don L com Kanye West é marcada por admiração pela inovação, mas também por críticas aos posicionamentos polêmicos do rapper americano. Isso aparece na letra ao misturar ostentação e crítica social, como em “Essa porra cheira a grana suja / Disfarça com um perfume Roja Parfum”, mostrando o contraste entre o glamour e a dureza da vida na periferia. Quando Don L afirma “Faz uma Compton parecer mais Cancún comparado a nós meu pivete”, ele compara a Compton de Kendrick Lamar à sua própria realidade, sugerindo que os desafios enfrentados no Brasil são ainda mais intensos. A menção a “veias abertas no meu pulso” faz referência tanto ao sofrimento pessoal quanto ao livro “As Veias Abertas da América Latina”, ampliando o sentido de dor coletiva e exploração. A participação de Giovani Cidreira contribui para a mistura de influências e reforça a busca por uma identidade própria no rap brasileiro.