Veillée

Vigília

Veillée

Aqui estás, deitado nesse belo caixão,Te voici gisant dans ce bel écrin,
E essas roupas finas, de um dia sombrio,Et ces beaux habits, ceux d'un sombre jour,
Serão suas últimas bagagens, meu amor.Seront tes derniers bagages, mon amour.
Pois esta manhã, preciso soltar sua mão.Car ce matin, je dois laisser ta main.

Te encontrei, uma noite na neblina,Je t'ai découvert, un soir dans la brume,
Teu rosto emaranhado de cachos castanhos.Ton visage emmêlé de boucles brunes.
Estavas pálido em teu sono sereno,Tu étais pâle dans ton paisible sommeil,
Nenhum sonho fazia suas veias tremerem.Aucun rêve ne faisait frémir tes veines.

Suas pálpebras se fecharam para sempre,Tes paupières se sont à jamais fermées,
Privadas dessa essência que se dispersou.Privées de cette liqueur éparpillée.
Sua alma não habita mais esse corpo frágil,Ton âme n'habite plus ton corps débile,
Duro e frio, para sempre imóvel.Dur et froid, à tout jamais immobile.

Meu doce amor é uma estátua congelada,Mon tendre amour est une statue gelée,
Deitada sobre o veludo, esta noite queimada.Gisant sur le velours, ce soir brûlée.
Como te dizer adeus, você, minha metade,Comment te dire adieu, toi ma moitié,
Você que eu beijo e que se foi…Toi que j'embrasse et qui s'en est allé…

Que corpo é esse nesse caixão sombrio,Quel est ce corps dans ce sombre cercueil,
Que se ergue entre vocês como um triste obstáculo?Qui trône parmi vous comme un triste écueil ?
Quem é essa pessoa assim deitada,Qui est cette personne ainsi allongée,
Descansando, tão lindamente adornada?Se reposant, si joliment parée ?

Vejo vocês chorando. Estariam tristes?Je vous vois sangloter. Seriez-vous triste ?
Aceitem meu braço, que eu os assista.Acceptez mon bras que je vous assiste.
Por que choram? Vocês são tão bonitas.Pourquoi pleurez-vous ? Vous êtes si jolie.
Ensinem-me sua melancolia.Apprenez-moi votre mélancolie.