Inferno de Dante (part. Fábio Brazza)

Crítica social e responsabilidade em “Inferno de Dante (part. Fábio Brazza)”

"Inferno de Dante (part. Fábio Brazza)", de Dow Raiz, utiliza a obra clássica "A Divina Comédia" como referência para retratar o cotidiano brasileiro, mostrando que o "inferno" não é um conceito distante, mas uma realidade marcada por desigualdade, violência e corrupção. A letra faz paralelos diretos entre o sofrimento descrito por Dante e as dificuldades enfrentadas no Brasil, como no trecho: “O diabo expulso por fardados do governo / Por não ter pago o imposto, e ser pego portando um fuzil”. Aqui, a figura do diabo representa pessoas marginalizadas, vítimas de um sistema opressor. Já em “O céu é pra dízimo pago, direito à quarto com suíte / Sem grana não da pra nem dar palpite”, a música critica a exclusão social e a comercialização da fé, mostrando que até o "céu" é privilégio de poucos.

Dow Raiz e Fábio Brazza também abordam a responsabilidade individual e coletiva, como no verso: “Pois todo calabouço tem alguém que o criou / Esse alguém é você”, destacando que cada pessoa contribui para as estruturas de opressão. A música denuncia ainda a hipocrisia social e institucional, como em “O tráfico chega até ser algo normal / Vai preso quem planta erva / Não quem rouba verba de hospital” e “O diabo não veste Prada, veste farda / E na calada da noite atirou em um preto de capuz”, evidenciando o racismo estrutural e a seletividade da justiça. Ao final, a canção propõe uma reflexão: o verdadeiro inferno é resultado das ações e omissões da sociedade, e só mudará com consciência e transformação coletiva.