Samba-Enredo 2024 - África, Uma Constelação de Reis e Rainhas

Orgulho e resistência africana em “Samba-Enredo 2024 - África, Uma Constelação de Reis e Rainhas”

"Samba-Enredo 2024 - África, Uma Constelação de Reis e Rainhas", da Dragões da Real, coloca em destaque a ancestralidade africana como fonte de orgulho, resistência e identidade. A letra denuncia o apagamento histórico das realezas e impérios africanos, como fica claro no trecho: “De reis e rainhas e grandes reinados / Que a História nunca quis contar”. Aqui, o samba evidencia a omissão dessas narrativas nos registros oficiais e busca resgatá-las como parte essencial da memória coletiva brasileira.

A música valoriza símbolos marcantes da cultura africana, como os tambores, a kizomba (festa tradicional angolana) e saudações aos orixás, como “Ê laroiê, mojubá”, que representam respeito e abertura de caminhos para a voz negra. A passarela do samba é comparada a um terreiro, espaço sagrado de celebração e ancestralidade, enquanto o pavilhão da escola é chamado de “manto ancestral”, reforçando o elo entre o desfile e os rituais africanos. Ao exaltar virtudes como generosidade, justiça, diplomacia e sabedoria, e ao citar figuras como a “faraó mulher” (provável referência a rainhas como Nefertiti ou Cleópatra), a letra combate estereótipos e celebra a riqueza intelectual, espiritual e política do continente. Versos como “É o povo, é o gueto a força do meu cantar” e “Canto guerreiro, alma africana” reforçam o sentimento de pertencimento, resistência e celebração da comunidade negra, transformando o desfile em um ato de afirmação cultural e homenagem à constelação de reis e rainhas africanos que influenciaram a história do Brasil.