É Só Você Que Tem O Que Eu Quero Ter

Corte e desapego em “É Só Você Que Tem O Que Eu Quero Ter”

A frase-título soa como ironia dolorida: quem “tem o que eu quero ter” é justamente quem machuca. A canção sustenta a tensão entre apego e corte definitivo, repetindo o refrão enquanto decreta “agora não tem volta e nem perdão” e troca “agora você vai me entender” por “agora você vai se arrepender”. O quadro é de desilusão e expectativas quebradas. A pessoa amada ignora e desaparece sem explicação — “Você não olhou pra mim/ Você saiu sem dar satisfação” — e só causa dano: “Você só faz as pessoas sofrerem/ você só me desfaz”. Diante disso, o narrador devolve o golpe com firmeza e fecha a porta: “Não vou mais querer te ver/ te ter”.

O recado é direto: acabou a dependência de quem não soube corresponder. “É só você que tem o que eu quero ter” revela uma carência específica — amor, respeito, atenção ou a segurança que o outro simboliza —, mas o restante da letra mostra a virada. A idealização cai (“Você só foi aquilo que não pretendia ser”) e o vínculo se rompe. Há mágoa, sim, porém há também decisão de seguir, transformando o arrependimento inicial em limite claro e, se preciso, em resposta dura a quem trouxe frustração. O resultado é um desabafo que começa na falta e termina na autonomia, sustentado por frases de impacto que marcam a passagem do pedido de compreensão ao aviso de punição.