Colarinho Branco

Crítica social e resistência em "Colarinho Branco" de Duck Jam

"Colarinho Branco", do Duck Jam, faz uma crítica direta à seletividade do sistema judicial brasileiro, destacando como crimes cometidos por pessoas da elite – os chamados crimes de colarinho branco – costumam ser tratados com impunidade, enquanto a população pobre enfrenta punições severas por delitos menores. O verso “os maiores bandidos, são brancos e são ricos / E andam por ai, muito bem vestidos” evidencia o contraste entre a criminalização da pobreza e a proteção dos ricos, reforçando a denúncia da desigualdade na aplicação da justiça. Lançada no início dos anos 1990, a música dialoga com um período de instabilidade política e denúncias de corrupção no Brasil, o que intensifica seu tom de denúncia social.

A letra também aborda a exploração dos trabalhadores e a frustração dos sonhos básicos da população, como ter casa própria ou uma aposentadoria digna: “Trabalham, trabalham, dão duro e dão duro / Dão duro e se tornam aposentados / E recebem muito pouco ou então são enganados”. Essa crítica se conecta ao histórico de problemas e escândalos envolvendo a previdência social brasileira. Ao afirmar “Eles são a minoria mas dominam o brasil / Manipulam todos nós, de uma forma bem sutil”, Duck Jam destaca o poder da elite econômica e sua influência sobre as estruturas do país, perpetuando a desigualdade. O uso do sample de James Brown em “Papa Don't Take No Mess” reforça a atmosfera de resistência, aproximando o rap nacional de movimentos internacionais de protesto. A música termina com um chamado à ação: “Não vamos ficar quietos, vamos reivindicar!”, incentivando a mobilização popular contra a corrupção, o racismo e a exploração. "Colarinho Branco" segue atual por sua crítica contundente e por retratar problemas estruturais que ainda persistem no Brasil.