Monstro 2

Entre ego, família e missão em “Monstro 2”, de Dudu MC

Em “Monstro 2”, Dudu MC trata o ego como ferramenta ambígua: proteção e risco. Ele admite: “Talvez meu ego me fortificou... e ao mesmo tempo me perdi”. Quando diz que as “estradas” viraram “visão de lares”, expõe o custo emocional da carreira que começou nas batalhas de rima em Vitória, ganhou escala com a Som Livre e estourou no “Poesia Acústica #6”: turnês, distância e compromisso. O refrão “Todo dia é chance de ser mais” funciona como disciplina para cumprir promessas e seguir crescendo mesmo quando a cabeça pesa. A autocrítica atravessa a faixa: a confiança que o fez “quem eu sou” cobrou pedágio, num acerto de contas com a postura competitiva típica do trap de batalha. E o verso “Mas e se eu m*rrer” conversa tanto com perdas reais — “Quantas pessoas morreram e no caminho eu vi” — quanto com o medo de ruir mentalmente ou “morrer” artisticamente ao trair a própria essência.

A narrativa sai da autoexaltação e chega ao reconhecimento dos vínculos. Ele reivindica esforço e impacto — “Quantas pessoas eu tirei da pior”, “entreguei meu suor e não recebi nada” —, mas corrige o foco ao admitir: “Eu sempre tive alguém, eu só não percebi”. O objetivo permanece concreto: “Eu só quis orgulhar meus pais”. Diante do cansaço e da inveja — “Querem me ver cair” —, reafirma o propósito: “Não posso desistir”, transformando tropeços em impulso para ser “cada vez maior do que a gente sonhava”. “Monstro 2” é um relato de superação cotidiana que não romantiza pânico e perda e entende que crescer exige alinhar ego, gratidão e promessa cumprida.