A Vaquinha

Reflexão sobre ingratidão e abandono em “A Vaquinha”

Em “A Vaquinha”, Duduca & Dalvan utilizam a perspectiva de uma vaca idosa para abordar temas como ingratidão, abandono e exploração. A escolha de dar voz ao animal serve como metáfora para situações humanas em que pessoas, após anos de dedicação, são descartadas quando deixam de ser consideradas úteis. O tom melancólico da música é evidente em versos como “Meu coração entristecido está chorando / A ingratidão de quem tanto ajudei na vida”, que expressam o sentimento de injustiça e solidão vivido por quem é esquecido.

A letra vai além da história literal da vaca, trazendo uma crítica social sobre a falta de reconhecimento e empatia. Quando a vaquinha relembra seu papel fundamental na vida do dono e de sua família — “Meu leite puro é que matou a fome / De seus filhinhos que ajudei criar” —, a canção destaca a importância de valorizar quem contribuiu para o bem-estar coletivo. O destino dos filhotes, “Uns para o corte outros pro estradão / Puxando carro pelo chão do mundo”, amplia a crítica à exploração contínua. No trecho final, “Após a morte eu serei seus passos / No seu calçado feito com meu couro”, a música reforça que, mesmo após a morte, a utilidade do ser explorado persiste, mas o reconhecimento nunca chega. Assim, Duduca & Dalvan convidam o ouvinte a refletir sobre como a sociedade trata aqueles que já serviram, mas acabam esquecidos.