Pose (part. Urias e Zaila)

Afirmação e resistência em "Pose (part. Urias e Zaila)"

"Pose (part. Urias e Zaila)", de Duquesa, é uma música que utiliza a cultura Ballroom e o house como formas de afirmação e resistência, especialmente para mulheres negras e pessoas LGBTQIAP+. O verso “O ponto mais alto da noite é ver as negona vencendo” destaca a importância da celebração da vitória e da presença negra nesse contexto. A participação de Urias e Zaila, nomes importantes da cena, reforça a proposta de dar visibilidade a identidades historicamente marginalizadas. A letra exibe orgulho, sensualidade e domínio do próprio corpo, como em “Tenho o rosto e o corpo pra vencer esse jogo / Safado nós mira sem dó”.

Duquesa desafia padrões elitistas e racistas ao incorporar o house, um gênero de origem negra, mas muitas vezes associado à elite no Brasil. Ela afirma sua estética e atitude sem pedir licença: “Não me peça pra ser clara / Eu sou objetiva, vadia, tenho a pele escura”. A ostentação de marcas de luxo, como em “Vestindo Versace-ce / Convite pra Louis Vuitton no evento da Gucci-cci”, vai além do consumo: é sobre ocupar espaços de poder e visibilidade. O refrão “Fale bem ou fale mal, a sua grana vem pra mim / Batendo em hater igual Popó” mostra que críticas são transformadas em combustível para o sucesso, enquanto “pose, pose, close” remete à performance e autoconfiança. A música também brinca com duplos sentidos e sexualidade, como em “a xota pisca se eu vejo din”, misturando humor e crítica à objetificação. Ao final, frases como “De Femme Queen pra Butch Queen, originais fazem assim / Respect my fucking cunt, outro Grand Prize eu levei pra mim” celebram a força e originalidade das mulheres negras e LGBTQIAP+, reafirmando a conquista de espaço e respeito dentro e fora da cena Ballroom.