Avista

A urgência da sobrevivência em "Avista" de DV Tribo

Em "Avista", DV Tribo transforma a recusa ao crédito, expressa no refrão “Olha minha vista de quem só aceita a vista”, em um símbolo da urgência e da necessidade de resultados imediatos para quem vive na periferia. Essa postura direta reflete a realidade de quem não pode esperar por promessas ou oportunidades futuras, pois a sobrevivência exige soluções rápidas e concretas. O grupo usa essa metáfora para mostrar que, na quebrada, tudo precisa ser resolvido no ato, sem espaço para ilusões, como reforçado no verso “Fazendo parte do plantio pra também desfrutar da horta”, indicando que só colhe quem trabalha e se esforça no presente.

A letra retrata o cotidiano difícil das favelas, abordando desde dificuldades financeiras — “De money trees tô liso só tenho o chão que eu piso” — até perdas violentas — “Nove amigo ano passado que deixou de luto os love”. O trecho “Joelho dobrado oração cantada / Contando os plaquê de 100 fazendo jus a minha quebrada” mostra como fé e ambição caminham juntas: a espiritualidade serve de força para seguir em frente, enquanto o dinheiro representa o reconhecimento do esforço. O uso de gírias e referências urbanas reforça a autenticidade do relato, e a menção a figuras como “anarquista graças a Deus, malandro graças a buda” revela a mistura de crenças e a criatividade diante das adversidades. "Avista" é, assim, um retrato direto da luta por dignidade, respeito e sobrevivência, onde cada conquista precisa ser imediata e palpável.