Cypher Dversos

Realidade urbana e resistência em "Cypher Dversos" do DV Tribo

"Cypher Dversos", do DV Tribo, se destaca por reunir diferentes vozes do rap mineiro e convidados para expor, de forma direta e autêntica, as contradições e desafios da vida nas periferias de Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A música se constrói a partir de experiências pessoais de sobrevivência e resistência, misturando críticas sociais contundentes com gírias e referências locais que reforçam a identidade do grupo. Um exemplo marcante é quando Djonga menciona “morrer de overdose” ou “cair de cirrose aguardando a última dose”, ilustrando tanto os riscos do cotidiano quanto a negligência social e a busca por alívio diante da opressão. Ao citar o “braço do estado” e “Judas”, ele aborda a repressão policial e a sensação de traição e desconfiança no ambiente periférico.

A faixa também evidencia a pluralidade de estilos e temas trazidos pelos integrantes. Clara Lima destaca a luta feminina e a necessidade de se impor em um cenário hostil, como em “Tapinha nas costas, Clarinha tá pesada, Deus me livre disso que eu tô bem acompanhada”. Outros MCs, como Hot e Oreia e FBC, abordam a hipocrisia social, a busca por respeito e a superação das adversidades, sempre com um tom realista. O uso de duplos sentidos e ironias, como em “nota é peixe ou a nota é dó” (dinheiro ou tristeza) e “vendendo maconha com a cara da mais lavada”, reforça a crítica ao sistema e à criminalização da juventude periférica, ao mesmo tempo em que afirma a identidade dos artistas. Assim, "Cypher Dversos" se torna um manifesto coletivo de resistência, orgulho e denúncia social, celebrando a união dos MCs e a força do rap nacional.