Diáspora

Resistência e identidade coletiva em “Diáspora” do DV Tribo

O título “Diáspora” já indica o tom da música do DV Tribo, trazendo à tona a ideia de um grupo disperso, marcado por deslocamentos forçados e pela luta contra a marginalização. O grupo se reconhece como parte de uma coletividade que enfrenta a exclusão social, como fica claro no verso “são vários marginal alado, consequência é de opção”, mostrando que a marginalidade não é apenas uma escolha individual, mas resultado de um sistema que empurra certos grupos para as bordas da sociedade. O uso do termo diáspora, historicamente ligado à dispersão de povos por perseguição ou discriminação, reforça a crítica social e conecta a experiência dos artistas à resistência de comunidades oprimidas.

A letra traz referências culturais e políticas que ampliam o debate sobre identidade e pertencimento. Ao citar figuras como Curupira, Tiririca, Glauber Rocha e Marighella, o grupo valoriza a ancestralidade e denuncia a apropriação cultural e a violência histórica, como em “Homem branco não vira índio se usar um cocar / Índio não vira homem branco se portar um celular”. A crítica à política institucional aparece em “O monumento na praça escorre sangue e desgraça / É o controle da massa e essa urna é só farsa”, enquanto o verso “Tenho tanta fé em Deus que me considero ateu / É que eu nem boto tanta fé nesse Senhor que ocês me deu” questiona a imposição de valores religiosos e a hipocrisia social. Ao final, “Diáspora” se destaca por denunciar desigualdades e exaltar a força coletiva, mostrando o rap como ferramenta de resistência e afirmação das periferias.