Kichute

Resistência e crítica social em “Kichute” de DV Tribo

Em “Kichute”, DV Tribo transforma o famoso tênis popular brasileiro em um símbolo de resistência e identidade das classes populares. O Kichute, lembrado por sua durabilidade e presença marcante na infância de muitos, representa a resiliência diante das dificuldades sociais e econômicas. Essa ideia aparece ao longo da música, especialmente nos versos que falam sobre a luta diária e a busca por sobrevivência: “Quem se habilita em fazer um corre / Morre mais um, isso é bem comum”. Aqui, “corre” é uma gíria para o esforço cotidiano de quem precisa se virar para sobreviver, reforçando o contexto de luta constante nas periferias.

A letra também faz críticas diretas à política e à violência, conectando o cotidiano brasileiro a questões globais. Referências como “bombas explodem lá na Síria” e “orelhas se queimam em Brasília” contrapõem a violência internacional à corrupção e escândalos políticos nacionais. O verso “Aécio transa com Dilma / E esses bagui de votar não é comigo” ironiza a polarização política e o descrédito nas instituições, enquanto “pau no cu dos frangão corrompido” expressa revolta contra a corrupção. Apesar do tom de urgência e inconformismo, a música também fala de esperança e ambição coletiva, como em “Vai que essa banca cresce, soma e se multiplica”, mostrando que, mesmo diante das dificuldades, existe o desejo de ascensão e transformação. O Kichute, assim, se torna um emblema dessa caminhada, representando tanto as origens quanto a vontade de superação.