Still a Nigga

Conflito e autenticidade em "Still a Nigga" de Eazy E

Em "Still a Nigga", Eazy E reafirma sua identidade "gangsta" e responde diretamente aos ataques de Dr. Dre após o fim do N.W.A. A música vai além da ostentação, mostrando que Eazy E não se abala com provocações e mantém sua postura autêntica. Ao citar seu "6-4" (Chevrolet Impala 1964), ele faz referência à cultura automotiva de Compton, reforçando sua ligação com as raízes e o estilo de vida local, além de usar o carro como símbolo de status e resistência no rap da Costa Oeste.

A letra tem um tom desafiador e debochado, como em "I really don't give a fuck" (Eu realmente não ligo) e "Get with the real and quit faking the funk" (Fique com o verdadeiro e pare de fingir), onde Eazy E despreza rivais e críticos, reafirmando sua autenticidade. Expressões como "devil's son-in-law" (genro do diabo) e "leavin' a smell of death on the Row" (deixando um cheiro de morte na Row) têm duplo sentido: além de se mostrar perigoso, ele faz referência à Death Row Records, gravadora de Dr. Dre, sugerindo que sua presença ameaça o império rival. O tom sexual explícito e a objetificação das mulheres refletem a linguagem crua do gangsta rap e a intenção de chocar e afirmar poder.

No fim, a música é um manifesto de sobrevivência e lealdade às origens. Eazy E deixa claro que, apesar do sucesso e das disputas, continua fiel ao que representa: "Original gangsta E-A-Z-Y-E / Down from the jump now I'm endin' with the biz and / Still rollin' in my 6-4 on them thizangs". Os samples de funk e jazz reforçam a conexão com o G-funk, enquanto a rivalidade com Dr. Dre e a exaltação da própria trajetória transformam "Still a Nigga" em um símbolo da tensão e autenticidade do rap dos anos 90.