Festas e Manequins

Crítica aos padrões e autenticidade em “Festas e Manequins”

Em “Festas e Manequins”, Ebony utiliza ironia e provocações para criticar a busca por padrões de beleza artificiais e a superficialidade das relações sociais. Ao repetir “ela vai na médico e a ref é uma foto minha”, a artista mostra como sua imagem se tornou referência, mas também questiona a autenticidade de quem tenta copiá-la. Nos versos “cheirinho de falsidade / nos amigos, nos dentes, nem os peitos são mais de verdade? / na bunda, na cara, e ela jura que foi só pilates”, Ebony faz referência direta a procedimentos estéticos e à negação desses processos, ampliando sua crítica para além da aparência física e atingindo também a hipocrisia nas relações interpessoais.

A música destaca ainda a autoconfiança de Ebony e sua posição de destaque no rap. Ao afirmar “rapper brasileira entenda, não uma modelo em Cairo / elas também fazem, mas eu sei que eu sou o modelo, claro”, ela se coloca como referência de atitude e autenticidade, em contraste com quem busca apenas se aproximar por interesse. Versos como “muitas meninas tão forçando pra ser minha amiga / muitos meninos tão mentindo que entraram em mim” e “esses negões querem me ver de quatro / quer brincar com a minha buceta como fosse pátio” escancaram o desejo e o interesse alheio, mas também reforçam o controle de Ebony sobre sua imagem e corpo. Assim, a artista desafia padrões, expõe hipocrisias e reafirma seu poder e autenticidade em meio ao universo de festas e aparências.