Vale Do Silício (part. Black Alien)

Relações frias e desconfiança em “Vale Do Silício (part. Black Alien)”

Em “Vale Do Silício (part. Black Alien)”, Ebony e Black Alien usam o nome do famoso polo tecnológico como metáfora para um ambiente de relações frias, calculistas e marcadas pela desconfiança. A música compara o clima de superficialidade e interesse do Vale do Silício real com as experiências pessoais dos artistas, mostrando como a falsidade e as amizades traiçoeiras fazem parte do cotidiano. O verso “Separo os reais dos falsos, separo o joio do trigo” destaca a necessidade de filtrar quem merece confiança, enquanto a menção a “putas, notas, bofes, falsos amigos” amplia o tema das decepções para todos os tipos de relação, não apenas as íntimas.

A letra também revela o impacto emocional dessas escolhas, como Ebony mostra ao dizer: “Quem mais me doeu de cortar foi meu primo / Que foi por outro caminho”, indicando que até laços familiares podem ser rompidos por desilusão. A busca por autenticidade surge como resposta a esse cenário, e a metáfora do “Vale do Silício” se aprofunda quando Ebony se descreve como “atriz no Vale do Silício”, sugerindo que todos acabam desempenhando papéis e escondendo suas verdadeiras intenções. Black Alien contribui ao questionar a dualidade moral e o peso do carma: “E o que são falsos amigos se ninguém é bom ou mal? / É só o carma, eu sou o carma”. A música ainda traz duplos sentidos, como em “Ó quanto rei pra pouca rainha / Bem na barriga, debaixo do umbigo”, misturando referências sexuais e de poder, e aborda a indiferença diante dos traumas: “E ninguém liga pros seus traumas / Ninguém liga pros meus”. O resultado é um retrato direto e realista das relações humanas, marcado por desconfiança, sobrevivência e a busca por verdade.