Shape Of You (remix) (feat. Stormzy)

Corpo e afeto em “Shape Of You (remix) (feat. Stormzy)”

Em “Shape Of You (remix) (feat. Stormzy)”, um detalhe muda a leitura: a alternância de ponto de vista. Ed narra o flerte, e de repente surge a fala dela “Boy, let’s not talk too much” (Garoto, não vamos falar demais), marcando iniciativa feminina — em sintonia com a interpolação de “No Scrubs”, do TLC, que traz a mesma segurança direta, embalada pelo groove pop/dancehall/tropical house que impulsionou a faixa. O cenário é simples e visual: ele troca a balada pelo bar, toma shots com os amigos, desacelera a conversa e a dança começa quando toca “Van The Man” (Van Morrison) no jukebox. O refrão fixa o eixo: “I’m in love with your body” (Estou apaixonado pelo seu corpo) e a metáfora de magnetismo “we push and pull like a magnet do” (a gente se atrai e se repele como um ímã). O literal reforça o sensorial em “my bedsheets smell like you” (meus lençóis têm seu cheiro), enquanto “Although my heart is falling too” (embora meu coração também esteja se apaixonando) e “Everyday discovering something brand new” (todo dia descobrindo algo novo) abrem espaço para vínculo afetivo — corpo e sentimento em tensão produtiva.

A entrada de Stormzy, estreada no Brit Awards, injeta autoconfiança do grime e amplia a narrativa com charme e jogo de palavras: “Let me multiply your lovin’, then I hit you with divide” (deixa eu multiplicar seu amor, depois te acerto com o Divide) referencia os álbuns x e ÷ de Ed, e “my brother Teddy” (meu irmão Teddy) aponta o apelido do cantor, marcando cumplicidade. Ele celebra o corpo sem culpa em “you got a body they would kill for” (você tem um corpo pelo qual muita gente mataria), confronta inseguranças com “who you tryna skip a meal for?” (pra quem você tá pulando refeição?) e oferece cuidado prático: “you can go to work and let me pick up the slack” (você pode ir trabalhar e deixa que eu seguro as pontas). Prefere contato direto — “I don’t be talking on Twitter” (eu não fico falando no Twitter). O flerte ganha duas perspectivas: Ed conduz o romance pop sensorial; Stormzy eleva o clima e mantém o convite repetido “Come on, be my baby” (vem, seja meu amor). A parceria voltaria em “Take Me Back to London”, mostrando a fusão natural entre pop e grime.