Boulevard du crime

A Tristeza Oculta no Boulevard du Crime

A música "Boulevard du Crime" de Édith Piaf nos transporta para o vibrante e melancólico cenário do teatro de rua parisiense do século XIX. A letra descreve o Boulevard du Crime, uma famosa rua em Paris conhecida por seus teatros e espetáculos de pantomima, onde a vida e a arte se entrelaçam de maneira intensa e dramática. O teatro dos Funambules, mencionado na canção, era um local real onde se apresentavam peças de pantomima, e personagens como Pierrot e Arlequim eram figuras centrais dessas apresentações.

Pierrot, o personagem principal da música, é um símbolo de tristeza e melancolia. Ele faz o público rir com suas desventuras amorosas, mas sua dor é real e profunda. A letra destaca a dualidade entre a comédia e a tragédia, mostrando como o sofrimento de Pierrot é transformado em entretenimento para a multidão. A presença de Arlequim, um personagem que representa a alegria e a travessura, é essencial para equilibrar a narrativa, sugerindo que a vida precisa de momentos de leveza para contrabalançar a dor.

A música também aborda a ideia de que, por trás das máscaras e das risadas, existem emoções genuínas e muitas vezes dolorosas. Pierrot chora pela mulher que amava e que o deixou sem explicações, e essa dor é sentida até pelos "amants du paradis" (amantes do paraíso). A canção de Piaf é uma reflexão sobre a complexidade das emoções humanas e a maneira como a arte pode tanto esconder quanto revelar essas emoções. Através de sua voz poderosa e emotiva, Piaf nos faz sentir a profundidade da tristeza de Pierrot, mesmo em meio ao riso e à diversão do teatro.