Y'avait Du Soleil

Memórias de amor e nostalgia em “Y'avait Du Soleil”

Em “Y'avait Du Soleil”, Édith Piaf narra um romance que nasce de forma espontânea durante a animada festa de Saint-Cloud. O ambiente festivo, com seu barulho e alegria, serve de cenário para um encontro casual que logo se transforma em algo mais profundo. O momento em que o homem se destaca no estande de tiro ao alvo e oferece doces à mulher mostra o início leve e descontraído da relação, simbolizando a espontaneidade e o calor daquele dia. A repetição do verso “Y'avait du soleil ce jour-là” (“Havia sol naquele dia”) funciona como uma metáfora para a felicidade e o brilho desses momentos, marcando-os como lembranças especiais para a narradora.

A música segue um tom nostálgico, com Piaf relembrando passeios de motocicleta e momentos íntimos sob as árvores. No trecho “Arrêtés sous les branches / Il avait carte blanche / Pour me donner tous les bonheurs” (“Parados sob os galhos / Ele tinha carta branca / Para me dar todas as felicidades”), a expressão “carte blanche” indica liberdade e entrega total ao sentimento. A descrição “le plafond c'était le ciel” (“o teto era o céu”) reforça a sensação de plenitude e liberdade vivida pelo casal. Imagens sensoriais, como o sol, os lilases e o riso do parceiro, transformam essas lembranças simples em um verdadeiro paraíso pessoal. O pedido “Dis-moi que jamais on ne se quittera / Tant que tu voudras” (“Diga que nunca vamos nos separar / Enquanto você quiser”) revela o desejo de eternizar essa felicidade, mesmo sabendo que ela faz parte do passado, intensificando o tom nostálgico da canção.