Papagaio do Futuro Coco Das Serras

Futuro, Natureza e Tradição: A Poética de Elba Ramalho em 'Papagaio do Futuro Coco Das Serras'

A música 'Papagaio do Futuro Coco Das Serras' de Elba Ramalho é uma obra rica em metáforas e simbolismos que refletem tanto uma visão futurista quanto uma preocupação com a preservação da natureza e das tradições culturais. A letra começa com a frase 'Eu 'to montado no futuro indicativo', sugerindo uma postura de alguém que está à frente de seu tempo, talvez imune aos perigos e desafios do presente. O 'terno de vidro costurado a parafuso' pode simbolizar uma armadura moderna, frágil e ao mesmo tempo resistente, enquanto o 'papagaio do futuro' pode ser uma metáfora para a comunicação e a transmissão de mensagens em um mundo tecnológico.

A repetição da frase 'Eu fumo e tusso fumaça de gasolina' traz uma crítica implícita à poluição e ao impacto ambiental da modernidade. A fumaça de gasolina é um símbolo claro da industrialização e do consumo desenfreado de combustíveis fósseis, que afetam tanto a saúde humana quanto o meio ambiente. Essa crítica é reforçada pela repetição insistente, que pode ser vista como um alerta para os danos contínuos e cumulativos causados pela poluição.

A segunda parte da música muda o foco para a preservação das serras e da natureza. A repetição do verso 'Vamos salvar as serras da beira do à Sant'Ana' é um chamado à ação, uma convocação para proteger as paisagens naturais e as tradições culturais associadas a elas. As referências a várias serras e elementos da natureza, como a 'Serra do Mar' e a 'Serra da Capela', reforçam a importância dessas regiões e a necessidade urgente de sua conservação. A menção ao 'catuaba' doente e a ideia de que, se ele morrer, 'vai pro céu', traz um tom de urgência e um apelo emocional para a preservação da flora e fauna locais.

Elba Ramalho, conhecida por sua forte ligação com a cultura nordestina e suas raízes, utiliza essa música para mesclar uma visão futurista com uma profunda conexão com a terra e a natureza. A música é um lembrete poderoso de que, enquanto avançamos tecnologicamente, não devemos esquecer de preservar e valorizar nosso patrimônio natural e cultural.