Velha Roupa Colorida

Mudança de gerações em “Velha Roupa Colorida” de Elis Regina

“Velha Roupa Colorida”, interpretada por Elis Regina e composta por Belchior, aborda como os símbolos e ideais de uma geração podem rapidamente se tornar ultrapassados, até mesmo para quem os viveu intensamente. O verso “No presente, a mente, o corpo é diferente / E o passado é uma roupa que não nos serve mais” resume a mensagem principal: é preciso deixar para trás antigos hábitos, crenças e referências culturais para acompanhar as mudanças do tempo.

Belchior escreveu a música refletindo sobre a superação dos ideais do movimento hippie, marcando a transição entre épocas ao citar referências como Beatles e Rolling Stones. Trechos como “She’s leaving home” (ela está saindo de casa), “like a rolling stone” (como uma pedra rolando) e “o dedo em V, cabelo ao vento, amor e flor” funcionam como símbolos de uma era que não volta mais, mostrando que até as revoluções culturais envelhecem. A metáfora da “velha roupa colorida” sugere que, por mais marcante que tenha sido, a moda ou o pensamento de ontem pode não servir mais hoje. O diálogo com o “passarinho” e as referências a “Blackbird” (Beatles), “Raven” (Edgar Allan Poe) e “Assum preto” (pássaro do Nordeste brasileiro) reforçam a ideia de que o tempo é irreversível, com o pássaro respondendo que “o passado nunca mais”. Assim, a canção propõe um olhar crítico, mas também esperançoso, sobre a necessidade de renovação constante, tanto individual quanto coletiva.