Cantada

O sertão e o amor atemporal em "Cantada" de Elomar

Em "Cantada", Elomar Figueira Melo constrói uma atmosfera de intimidade e profundidade emocional, unindo o amor intenso à simbologia do sertão nordestino. Elementos como “a luz da vela tá se apagando chamando você” e “os galos cantam pra fazer que a aurora rompa com a noite” remetem ao cotidiano rural, onde o tempo é guiado por sinais da natureza. Essa ambientação reforça a ligação do artista com o romanceiro medieval e o cancioneiro nordestino, criando uma musicalidade e escolha de palavras que transportam o ouvinte para um cenário quase atemporal, onde o amor é vivido de forma silenciosa e sagrada, especialmente nas horas da madrugada.

A letra aborda o desejo e a espera, com o narrador convidando a amada a compartilhar o instante em que a noite se transforma em dia. Expressões como “madrugada roxa” e “pálpebras cansadas” evocam tanto o cansaço quanto a beleza desse momento de transição. O verso “os teus encantos vão virar meus cantos, voar pra os céus e ser constelação” transforma o sentimento amoroso em algo eterno e universal. Já o trecho “não sei porque você um quase nada do universo, perdido nos céus, apaga estrelas, luas e alvoradas e enche de luz radiosa os olhos meus” mostra como o amor, mesmo diante da imensidão do universo, é capaz de dar sentido e iluminar a vida do narrador. Assim, "Cantada" celebra o amor sertanejo com imagens sensoriais e uma linguagem que une o regional ao universal.