Não Recomendado

Estigma social e resistência em “Não Recomendado” de Elza Soares

Em “Não Recomendado”, Elza Soares expõe como a sociedade marginaliza quem foge dos padrões, especialmente pessoas LGBTQIA+ e outros grupos historicamente excluídos. A repetição de rótulos como “pervertido”, “mal amado”, “menino malvado” e “viado” mostra o peso dos estigmas e a violência simbólica sofrida por esses indivíduos. O verso “Não recomendado à sociedade” funciona como um selo de exclusão, reforçando a ideia de censura e rejeição. Essa abordagem se conecta ao contexto do álbum “Planeta Fome”, no qual Elza critica injustiças sociais, racismo e desigualdade.

A letra também destaca o papel da mídia na perpetuação do preconceito, como nos versos “uma foto, uma foto / estampada numa grande avenida / publicada no jornal pela manhã / na denúncia de perigo na televisão”, mostrando como a exposição pública contribui para a criminalização dos marginalizados. Elza faz referência direta à música “Geni & O Zepelim”, de Chico Buarque, ao citar “Joga pedra na Geni”, evocando a figura da mulher rejeitada e agredida pela sociedade. Além disso, ao incorporar a pergunta “Você tem fome de quê? Você tem sede de quê?” de “Comida”, dos Titãs, ela amplia o debate para as necessidades básicas e existenciais dos excluídos, questionando o que realmente lhes falta além do alimento físico: dignidade, respeito e pertencimento. Assim, “Não Recomendado” se afirma como um manifesto contra a hipocrisia social e a opressão, reafirmando Elza Soares como uma voz fundamental na luta pelos direitos dos invisibilizados.