Ela (feat Capicua, Rael e Valete)

A música como salvação e ponte em “Ela (feat Capicua, Rael e Valete)”

“Ela (feat Capicua, Rael e Valete)”, de Emicida, transforma a própria música em personagem central, tratada como uma entidade viva capaz de curar, salvar e dar sentido à vida dos artistas. Logo no início, Capicua declara: “Meu nome é Ana e sou viciada em música”, mostrando que a relação com a música vai além do pessoal, funcionando como refúgio e força vital. O projeto “Língua Franca”, que une artistas do Brasil e de Portugal, reforça essa ideia ao apresentar a música como ponte cultural e linguagem universal entre diferentes realidades.

Cada artista expõe sua ligação íntima com a música. Capicua destaca seu poder terapêutico, dizendo que ela “cola e sara” o coração partido, e faz referência a nomes como Ella Fitzgerald e Fela Kuti, mostrando a diversidade e universalidade da arte. Emicida vê a música como companheira diante das dificuldades, contrapondo “veneno” e “mel” e citando Xangô, símbolo de força e justiça, para ilustrar como a música o mantém íntegro em meio à solidão e violência. Rael associa a música à tradição do samba, citando Jamelão e Zé Keti, e a descreve como força vital e proteção espiritual. Valete relata como a música o afastou de um destino trágico nas ruas, transformando sua experiência em arte e sobrevivência, enquanto lamenta as perdas de amigos para a criminalidade e violência.

A repetição de “Ela é quem é” reforça a ideia da música como presença constante, quase divina, que transcende dificuldades e oferece redenção. O beat moderno com influência dub dialoga com a proposta de celebrar a língua portuguesa e a diversidade cultural, tornando “Ela” uma homenagem coletiva à música como salvação, identidade e elo entre mundos distintos.