Mal de Amor
Emília Monteiro
O amor do nêgo não foi brincadeira
Por madalena nêgo quis morrer
Num marabaixo de uma quarta-feira
Nêgo chamou exu pra lhe socorrer
Bebeu gengibirra até se embriagar
Dava dó ver o nêgo chorando a soluçar
Cruel, madalena botou-se a dançar
Prum crioulo que tava de branco
Tocando sem parar
O amor do nêgo não foi brincadeira
Por madalena nêgo quis matar
No peito a chama na mão a peixeira
E uma tristeza a mais, dentro do olhar
Cantou o lamento dos saramacás
E guardou calmamente a peixeira no coração
Sofreu como poucos sofreram essa dor
Como poucos saiu dessa vida
Morreu de mal de amor
Hoje dizem que nêgo é uma estrela
Que vive a cintilar na forração do céu
Em noites de marabaixo ele brilha
Como que pra cegar o seu amor cruel
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