Pra Ser Sincero

Dilemas emocionais e honestidade em "Pra Ser Sincero"

"Pra Ser Sincero", dos Engenheiros do Hawaii, aborda de forma direta a dificuldade de ser totalmente honesto em relacionamentos marcados por expectativas frustradas e sentimentos contraditórios. No trecho “Não espero de você mais do que educação / Beijos sem paixão / Crime sem castigo / Aperto de mãos / Apenas bons amigos”, fica claro o desejo de manter a relação em um nível superficial, evitando envolvimento emocional profundo para não sofrer novas decepções. Essa postura revela a tensão entre o desejo de proximidade e a necessidade de autoproteção, um tema recorrente nas composições de Humberto Gessinger e também explorado em seu livro com o mesmo nome da música.

A metáfora do “crime perfeito” é central na letra e pode ser entendida como a traição silenciosa dos sentimentos, a quebra de expectativas ou a recusa em assumir culpas em uma relação desgastada. O verso “Somos suspeitos de um crime perfeito / Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos” mostra que ambos compartilham responsabilidades, mas nenhum se acusa ou se culpa abertamente, tornando impossível apontar um culpado. A expressão “ter vendido a alma ao diabo” reforça a ideia de concessões feitas ao longo do relacionamento, escolhas que acabam minando a autenticidade entre o casal. No final, a música sugere uma honestidade resignada, em que o máximo que se pode esperar é um reencontro casual e um cumprimento cordial, sem mágoas, mas também sem grandes paixões.