Toda Forma de Poder

Crítica ao autoritarismo em “Toda Forma de Poder”

Em “Toda Forma de Poder”, Engenheiros do Hawaii utiliza ironia para mostrar que o autoritarismo não pertence a um único espectro político. Ao citar Fidel Castro e Augusto Pinochet, líderes de lados opostos, a música evidencia que o abuso de poder pode surgir em qualquer contexto ideológico: “tiram sarro de você que não faz nada”. Essa escolha reforça a crítica à passividade da sociedade diante de qualquer tipo de opressão. Humberto Gessinger, vocalista da banda, já comentou que a música incomoda diferentes grupos justamente por não poupar nenhum extremo, tornando-se um alerta universal sobre os riscos do poder concentrado.

A letra também aborda a manipulação da linguagem política, como no verso “Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada”. Essa frase faz referência ao conceito de “novilíngua” de George Orwell em “1984”, criticando a retórica vazia dos governantes, que serve para confundir e manter o status quo. O trecho “E o fascismo é fascinante e deixa gente ignorante fascinada” destaca o perigo da sedução autoritária, mostrando como ideias extremistas podem atrair pessoas desinformadas. Ao afirmar que “toda forma de poder é uma forma de morrer por nada”, a música denuncia o ciclo de violência e repressão que se repete na história, frequentemente distorcida pelos vencedores, como sugere “a força deixa a história mal contada”. O refrão, ao desejar esquecer tudo o que foi visto, expressa tanto o cansaço diante desses ciclos quanto a tentação de ignorar a realidade, reforçando o tom crítico e reflexivo da canção.