What Else Is There?

Solidão e limites em “What Else Is There?” (Enslaved)

A narrativa de “What Else Is There?” coloca uma voz que se sente invisível e distante. Em “It was me on that road / But you couldn’t see me” (Era eu naquela estrada / Mas você não conseguia me ver) e “Roads end getting nearer / We cover distance but not together” (O fim da estrada se aproxima / Percorremos distância, mas não juntos), a estrada simboliza avanço sem encontro. A ideia de terminalidade retorna em “There’s no room where I can go” (Não há lugar para onde eu possa ir), enquanto permanecem segredos dos dois lados. Quando surge “I am the storm and I am the wonder” (Eu sou a tempestade e eu sou o assombro), a identidade se define como força que fascina e desorganiza; logo vêm “flashlights, nightmares / and sudden explosions” (clarões, pesadelos / e explosões súbitas), imagem de ansiedade, memórias intrusivas ou exposição indesejada.

O verso “It’s about you and the sun / A morning run / The story of my maker” (É sobre você e o sol / Uma corrida matinal / A história de quem me fez) acena para um começo luminoso que contrasta com o presente. “I’ve got a golden ear / I cut and I spear” (Tenho um ouvido de ouro / Eu corto e perfuro) sugere hipersensibilidade que vira arma, ferindo e afastando. Na versão do Enslaved — lançada como faixa bônus em E (2017) e realçada pelo clipe oficial — o texto ganha contorno mais sombrio e físico: no metal progressivo, “I am the storm” (Eu sou a tempestade) soa literal, e as “explosions” (explosões) pesam como impactos inevitáveis, intensificando o sentimento de alienação. Ao reimaginar um electropop do Röyksopp, a banda enfatiza o deslocamento e a desconexão, deixando “What else is there?” (O que mais existe?) como pergunta-limite, quando parece restar apenas um desejo — insuficiente para encurtar a distância.