Diário do Fronteiriço

Tradição e identidade gaúcha em “Diário do Fronteiriço”

“Diário do Fronteiriço”, de Érlon Péricles, retrata com autenticidade a vida de quem vive na fronteira do Rio Grande do Sul. Logo nos primeiros versos, a música destaca a força e o orgulho do gaúcho, misturando a resistência típica da região com a hospitalidade. Expressões como “Permisso, paysano” e “mate cevado” reforçam a identidade local e convidam o ouvinte a participar dos rituais diários do campo. O termo “paysano” evidencia o sentimento de companheirismo e pertencimento entre os habitantes da fronteira, enquanto o “mate cevado” simboliza acolhimento e tradição.

A letra também valoriza a relação com a terra e os costumes, como em “me pilcho a capricho” e “pinhão afinado tocando milongas e algum chamamé”. O pilcho representa o orgulho de vestir a cultura gaúcha, e a música, presente nos gêneros citados, reforça a importância da expressão cultural. O verso “meio gente, meio bicho, ninguém me maneia” transmite a ideia de liberdade e de uma vida sem amarras, típica do homem do campo, além de sugerir uma natureza bruta, como o “xucro” – termo que pode se referir tanto ao animal não domado quanto ao próprio gaúcho, ainda selvagem em seus sentimentos e modos.

A saudade e o apego à terra natal aparecem em “Livramento me espera num finzito de tarde”, referência à cidade de Sant’Ana do Livramento, símbolo da fronteira. O desejo de voltar para casa e “matear com ela” mistura o carinho pela terra com o afeto por alguém querido. Assim, Érlon Péricles constrói um retrato sensível do gaúcho fronteiriço, valorizando cada detalhe do cotidiano e da cultura regional.