Samba-Enredo 2025 - Axé Griô! Carlão do Peruche, O Cardeal Preto do Samba

Legado e ancestralidade em “Samba-Enredo 2025 - Axé Griô! Carlão do Peruche, O Cardeal Preto do Samba”

A música “Samba-Enredo 2025 - Axé Griô! Carlão do Peruche, O Cardeal Preto do Samba”, interpretada pela G.R.C.S.E.S. Unidos do Peruche, celebra a trajetória de Seo Carlão, destacando sua ligação com a ancestralidade africana e sua importância histórica no samba paulistano. O verso “Eu era menino e sonhei / Que a Peruchada fez de mim um grande rei / Um cardeal da Rua Zilda ao infinito” conecta a infância humilde de Carlão à sua ascensão como líder da escola, ressaltando o orgulho de suas raízes. A referência à “Rua Zilda” aponta para o local histórico da Unidos do Peruche, enquanto o termo “cardeal” simboliza respeito e liderança, especialmente entre aqueles que, como Carlão, lutaram pelo reconhecimento das escolas de samba nos anos 1960.

A letra valoriza a resistência negra e a herança africana, como nos versos “Alma que surgiu no universo de Olorum / Fruto da inspiração / Força da terra ancestral / Luta e orgulho, negro imortal”. Olorum, divindade suprema das religiões de matriz africana, representa a espiritualidade e a força transmitidas entre gerações. O samba também aborda a diáspora africana e a travessia do Atlântico em “Num ritual que atravessou o mar / África se espalha pelo mundo afora”, mostrando o samba como resultado dessa resistência cultural. Trechos como “O tempo sombrio / Opressão e preconceito sobre nós / Invadiu a nossa casa destruiu / Tentaram calar a nossa voz” lembram as dificuldades enfrentadas pelas comunidades negras, mas também destacam a persistência coletiva: “Nosso quilombo resistiu / Na luta de um povo guerreiro que não desistiu”.

Ao longo da música, o tom é de celebração e orgulho, especialmente ao exaltar a Unidos do Peruche como “gigante escola de samba” e ao afirmar que o legado de Carlão é “legado à nação que me aclama”. A letra transforma a história de Seo Carlão em símbolo de luta, fé e amor pelo samba, mostrando como sua trajetória se mistura à própria história do carnaval paulistano e da resistência cultural negra no Brasil.