Coragem

“Coragem” e a certeza da vitória na perspectiva bíblica

“Coragem”, de Eulene Mesquita, trata coragem como obediência prática. Assumir a pose de “guerreiro vencido” soa incoerente porque, “diante de Deus”, o inimigo “não é nada”. O refrão insiste nisso — “É incoerente este jeito teu de guerreiro vencido / Tua vitória já está garantida” — e funciona como correção do desânimo e chamado à ação: o servo é lembrado de reagir ao medo e às “situações fatais” com fé ativa. Dentro do universo gospel, a canção reforça uma convicção conhecida, mas aqui apresentada de modo direto: a vitória do crente não depende do humor das circunstâncias, mas da intervenção de Deus.

As imagens de batalha ganham base em três episódios bíblicos. Sansão, “sem os cabelos”, com “olhos vazados” e “preso no templo de Dagon”, pede forças, derruba as colunas e, mesmo morrendo, cumpre o propósito e derrota os filisteus: na fraqueza extrema, Deus capacita, mostrando que a aparência do adversário não decide o fim. No Carmelo, Elias enfrenta os profetas de Baal, “derrama água” sobre o altar e Deus responde “com fogo”, indicando que rituais e números não superam a ação divina. E Davi, diante de Golias, vence “quando todos temiam”. Em toda a letra, “inimigo” opera em dois níveis — oposição espiritual (pecado, tentação, acusação) e crises concretas (doença, ameaça, escárnio). A fórmula repetida “O Deus que... te faz vencedor!” liga as narrativas à vida do ouvinte e desloca o foco do tamanho do problema para a fidelidade de Deus.