Quanto Tempo Se Perdeu

“Quanto Tempo Se Perdeu”: reconciliação e autocrítica

Em “Quanto Tempo Se Perdeu”, do Exaltasamba, a virada acontece quando o eu lírico se encara no espelho e entende que sua medida de beleza está no outro. O início admite o estrago das brigas e da solidão — “Não foi nessa intenção, viver/Essa grande solidão” — e logo busca um acordo: “Preciso de amor, meu bem/Sei que você, também”. O refrão “A gente brigou demais/Agora chegou a paz” sela a mudança de rota, e o “vai, vai ver” soa como convite carinhoso para confirmar, juntos, que o tempo de guerra ficou para trás. Lançada no álbum Cartão Postal (1998), a faixa traz a assinatura de Arlindo Cruz, Marquinho PQD e Sombrinha, nomes centrais do pagode romântico, e se encaixa no momento em que o grupo consolidava nos anos 90 um repertório de relações cotidianas ditas com leveza e verdade.

Os símbolos reforçam a passagem do conflito ao reencontro. “Confirmei no espelho meu, meu bem/Que a beleza é só você” mistura confissão e exagero afetuoso: pode ser a autoanálise de quem se vê pior sem a parceira, ou a ideia de que o outro virou o espelho onde ele se reconhece melhor. “Pela luz dos olhos teus” retoma um juramento clássico — a luz como guia e cuidado — e dá peso à promessa “Nunca mais dizer adeus”, tentativa de estabilizar a relação depois do desgaste. O eixo do pagode aparece nítido: reconhecer o tempo perdido, desejar paz, valorizar o outro e recomeçar com compromisso de permanência.