A Divina Comédia 3 (part. Zeus, Gigante No Mic, Mozart Mz e Léo Casa 1)

Crítica social e ironia em “A Divina Comédia 3” de Fabio Brazza

"A Divina Comédia 3 (part. Zeus, Gigante No Mic, Mozart Mz e Léo Casa 1)", de Fabio Brazza, utiliza ironia e sarcasmo para retratar o caos e as contradições do Brasil atual. O título faz referência à obra clássica de Dante, mas inverte seu sentido para mostrar que vivemos nosso próprio "inferno" social e moral. A música questiona a hipocrisia religiosa e social, como no verso “Se Deus escrevesse uma carta para o ser humano, o que ela diria?”, e critica a exploração da fé, exemplificada por Zeus em “Vende vaga no céu, paga em Visa”. O contexto digital reforça a ideia de que a canção é uma jornada pelos dilemas contemporâneos.

A crítica social é direta e aborda temas como desigualdade, violência, criminalização seletiva e alienação. Um exemplo marcante é: “a erva natural é proibida / enquanto a arma genocida é fabricada pelo governo americano”, que denuncia incoerências nas políticas públicas. Brazza também ironiza a busca por vida fora da Terra enquanto ignoramos problemas graves aqui: “Tamo doente tentando achar vida fora da Terra / Enquanto, aqui na Terra, milhões morrem de fome todo ano”. A metáfora do "marciano" serve para expor o fracasso da humanidade e a tendência de repetir erros, mesmo em novos mundos.

Além da crítica, a música valoriza a autorreflexão e a autenticidade, rejeitando padrões impostos e destacando a importância da luta diária: “Não adianta viver com pressa, um passo inseguro, não avança, tropeça”. O questionamento sobre valor versus preço reforça a crítica ao materialismo. No final, a canção alerta: se não mudarmos, poderemos ser substituídos por “uma espécie evoluída de ETs / Pra cuidar da vida e fazer melhor do que a gente fez”. Assim, a faixa se destaca como um manifesto crítico e reflexivo sobre a sociedade, usando o rap para provocar e conscientizar.