Estopim (part. Nocivo Shomon, Eloy Polemico e Spinardi)

Crítica social e resistência em “Estopim (part. Nocivo Shomon, Eloy Polemico e Spinardi)”

A música “Estopim (part. Nocivo Shomon, Eloy Polemico e Spinardi)” de Fabio Brazza se destaca pelo tom crítico e direto, usando o rap como ferramenta de denúncia social e resistência. Logo no início, a comparação das rimas ao “soco de Joe Frazier Pacquiao” mostra a intenção dos MCs de causar impacto real, como um nocaute, no cenário do rap. Brazza também subverte um clichê do gênero ao afirmar: “prefiro ser Fernando Pessoa, não Fernando Beira Mar / Pablo Neruda, e não Pablo Escobar”, deixando claro que sua inspiração vem da arte, não do crime, e valorizando referências literárias em vez de criminosas.

A letra traz referências históricas e culturais marcantes, como “Lista de Schindler” e a tirania nazista de Hitler, para reforçar que o rap pode ser uma forma de luta contra opressões. O verso “Rap tá na rua memo, e não no museu do Moma” destaca que o rap é uma expressão viva das ruas, não algo elitizado ou distante da realidade popular. Nocivo Shomon aprofunda a crítica social ao abordar temas como violência policial, desigualdade e hipocrisia política, exemplificado em “Na terra do futebol, sobra estádio, falta hospital” e “Se gritar 'pega ladrão!', no senado morre de gangue”, expondo as contradições do Brasil.

Eloy Polemico e Spinardi ampliam a discussão ao criticar a superficialidade do consumo cultural e a falta de oportunidades para jovens das periferias. Eloy usa a metáfora “Social-Zoo” para denunciar a objetificação e o consumo das vidas periféricas como espetáculo. Spinardi ressalta a precariedade social e a ausência de perspectivas, como em “Terra do carnaval que se abre estádio e fecha escola” e “Enquanto o menino apanha e pede esmola”. A colaboração entre os artistas reforça a força coletiva do rap nacional como voz de resistência e transformação.