Sonhos (part. Criolo)

Tecnologia e resistência em "Sonhos (part. Criolo)"

"Sonhos (part. Criolo)", de Fabio Brazza com participação de Criolo, aborda de forma direta como a tecnologia e os algoritmos influenciam nossos desejos e aspirações. No trecho “Travesseiros serão grampeados / E eles serão rastreados pelos algoritmos / De alguma máquina / Que tentarão reduzir nossos sonhos / E fabricar novos sonhos / Que se enquadrem no consumo”, Brazza critica a manipulação dos sonhos humanos por sistemas digitais, questionando até que ponto nossas vontades são autênticas ou moldadas por inteligências artificiais. A letra sugere que, nesse cenário, há uma padronização dos desejos e uma perda de autonomia sobre o que realmente queremos.

A música também reflete sobre a sensação de perda e frustração diante das dificuldades do dia a dia. Quando o autor se pergunta se deixou seus sonhos “no trabalho antes de sair” ou “no coração de alguém”, ele mostra como a rotina, o cansaço e as relações podem afastar as pessoas de seus objetivos mais profundos. A crítica social aparece forte no verso “um busão cheio / É um cemitério de sonhos”, mostrando como a luta diária pela sobrevivência pode sufocar as esperanças individuais. Apesar disso, a canção traz uma mensagem de resistência e esperança: “Mata um homem mas seu sonho / Não se pode matar!”. Brazza e Criolo reforçam que, mesmo diante do controle e da opressão, os sonhos continuam sendo uma força vital, essencial para a identidade e a criatividade, especialmente para quem faz da arte sua vida.