Tropilhas de Saudade
Fabio Soares
O crioulismo me ampara
Nessa distância da estância
Retoço minha própria ânsia
Quando a saudade dispara
E vai buscar numa farra
Alento pra solidão
Que embuçala o coração
Palanqueia e senta as garra
Preciso alambrar um campo
Erguer mangueiras e bretes
Preciso soltar os fletes
Que habitam meu pensamento
Esses cavalos que invento
São tropilhas de saudade
Que enfreno ao final das tardes
Quando mateio em silêncio
Quem traz poncho por galpão
E nos bocais faz seu destino
Não perde o rumo e o tino
Quando sai pra fazer tropa
Leva um terço a meia espalda
Para a prece madrugueira
E o coração na algibeira
Junto ao retrato da amada
É preciso ter na alma
Um coração que dispare
Cada vez que a gente pare
Para doar-se em canção
É preciso amar a terra
Com ganas no sentimento
Pois há quem viva ao relento
Mas ninguém vive sem chão
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