Il Pescatore

Compaixão e perdão em "Il Pescatore" de Fabrizio De André

Em "Il Pescatore", Fabrizio De André constrói uma narrativa marcada pela compaixão e pelo perdão incondicional. O pescador, personagem central da música, oferece pão e vinho a um assassino sem hesitar ou julgar, gesto que remete diretamente à figura de Jesus Cristo. Essa interpretação é reforçada pelo comentário de Cristiano De André, que identifica o pescador como uma representação de Cristo, e pelo uso simbólico do pão e do vinho, elementos centrais na tradição cristã e associados à Eucaristia e ao acolhimento sem distinção.

A letra apresenta o pescador adormecido "all'ombra dell'ultimo sole" (à sombra do último sol), com um sorriso sereno, sugerindo uma paz interior que vai além do julgamento moral. O assassino, descrito com "due occhi grandi di paura" (dois olhos grandes de medo), é humanizado, mostrando sua vulnerabilidade. O pescador não se interessa pelo passado do homem, apenas atende à sua necessidade imediata. Quando os gendarmes, representantes da lei, chegam, encontram apenas o silêncio e a serenidade do velho pescador. Dessa forma, "Il Pescatore" propõe uma reflexão sobre misericórdia, empatia e a importância de não julgar, destacando o valor do gesto humano diante do sofrimento do outro.