Canteiros

Saudade e simplicidade na letra de “Canteiros” de Fagner

Em “Canteiros”, Fagner une sua musicalidade à poesia de Cecília Meireles, incorporando versos do poema “Marcha” sem atribuição direta. Essa fusão intensifica o clima de saudade e melancolia que marca a canção. Imagens como “correm os meus dedos longos em versos tristes que invento” e “eu só queria ter do mato um gosto de framboesa” reforçam o desejo de simplicidade e o retorno à natureza como forma de refúgio para a tristeza. Esses elementos refletem tanto a influência da poesia de Meireles quanto a busca de Fagner por uma felicidade genuína e descomplicada.

A letra aborda o sentimento de vazio diante da ausência de felicidade, mesmo quando se tem “muita coisa”, e mostra a dificuldade de encontrar alegria nas palavras ou nas experiências do dia a dia. O verso “E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza” revela o espanto e o desconforto de sentir tanta tristeza na juventude. Já o conselho “deixemos de coisa, cuidemos da vida, pois senão chega a morte ou coisa parecida e nos arrasta, moço, sem ter visto a vida” traz uma reflexão sobre o tempo e a urgência de viver plenamente. As metáforas, como correr entre canteiros para “esconder minha tristeza”, mostram o desejo de se proteger das dores do mundo por meio do contato com o simples e o natural, reforçando o tom intimista e contemplativo da música.