Eternas Ondas

Forças coletivas e destino em "Eternas Ondas" de Fagner

A música "Eternas Ondas", interpretada por Fagner, utiliza elementos da natureza como símbolos de forças históricas e coletivas que moldam a vida humana. As "ondas", o "vento" e as "árvores" não aparecem apenas como paisagens, mas representam ciclos de destruição e renovação que afetam tanto pessoas quanto o ambiente. O verso “Derrubando homens entre outros animais / Devastando a sede desses matagais” destaca a vulnerabilidade humana diante dessas forças, mostrando que todos, sem distinção, estão sujeitos a eventos que fogem ao controle individual.

Outro trecho marcante, “Devorando árvores, pensamentos seguindo a linha / Do que foi escrito pelo mesmo lábio tão furioso”, sugere que esses ciclos se repetem ao longo da história, como se estivéssemos presos a um destino traçado por algo impessoal e poderoso. A canção foi composta por Zé Ramalho pensando em Roberto Carlos, mas ganhou uma interpretação intensa e marcante na voz de Fagner, que enfatiza o aspecto coletivo e atemporal do tema. Quando a letra menciona o “amigo vento” que pode não voltar porque “multidões ele foi arrastar”, reforça-se a ideia de que essas forças naturais também têm o poder de mobilizar ou afastar pessoas, criando uma tensão constante entre o desejo de permanência e a inevitabilidade da mudança.